Notícia
INPE propõe novos investimentos em Santa Maria
São José dos Campos-SP, 04 de maio de 2006
A comunidade de Santa Maria, no interior do Rio Grande do Sul, representada por pesquisadores e políticos da região, teve nesta terça-feira (2/5) a resposta sobre o futuro do Centro Regional Sul do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), instalado na Universidade Federal de Santa Maria. Para uma platéia de mais de cem pessoas, o diretor Gilberto Câmara apresentou os planos para aquela unidade do INPE, órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia responsável pela execução do programa espacial brasileiro no que se refere a atividades civis técnico-científicas, como o desenvolvimento de satélites e a observação da terra por sensoriamento remoto.
Gilberto Câmara propôs levar a Santa Maria o CRECTEALC (Centro Regional de Educação em Ciência e Tecnologia Espaciais para a América Latina e Caribe), filiado à ONU, que entre outras iniciativas oferece um curso internacional de sensoriamento remoto e sistemas de informações geográficas, que hoje acontece na sede do INPE, em São José dos Campos (SP). Também foram propostos investimentos para fomentar as pesquisas nas áreas de geoinformação e meteorologia.
As expectativas do INPE e da UFSM precisam ser as mesmas. Viemos aqui porque estamos abertos a implantar soluções que atendam aos anseios da comunidade e ao mesmo tempo estejam de acordo com a realidade regional e a missão do Instituto, disse o diretor do INPE, anunciando que já na próxima semana uma comitiva técnica de São José dos Campos irá a Santa Maria discutir com os pesquisadores da UFSM quais as áreas em que as instituições podem agir em conjunto e, então, viabilizar um convênio. O INPE pretende fazer um investimento antes nunca proposto, mas com a concordância de todos e se a própria universidade avaliar como positivo, insistiu Gilberto Câmara.
A visita da comitiva do INPE, integrada também pelos pesquisadores João Braga, Peter Toledo, Haroldo Fraga de Campos Velho, Nélia Ferreira Leite e Tânia Sausen, foi considerada um avanço tanto pela reitoria da UFSM como pelas lideranças políticas. "O centro espacial é uma luta antiga da nossa comunidade e sua vinda esclarece muitas coisas. Não esperamos promessas, preferimos a sua franqueza", disse o prefeito de Santa Maria, Valdeci Oliveira, ao diretor Gilberto Câmara.
Antena
O esclarecimento talvez tenha sido o maior ganho da reunião. Expectativas como a implantação de uma antena de controle e rastreio de satélites em Santa Maria careciam de informações técnicas, prejudicando o diálogo entre a comunidade local e a direção do Instituto. Uma antena de rastreio não proporciona desenvolvimento em tecnologia, porque serve apenas para controlar o satélite em órbita e demanda poucas pessoas e nenhuma pesquisa. É apenas um equipamento. O investimento em gente é a melhor política, explicou Gilberto Câmara, elucidando também as diferenças entre uma antena de rastreio e uma antena de recepção de sinais de satélites, as quais o INPE já possui. Nossa antena de recepção que fica em Cuiabá cobre todo o Brasil e praticamente toda a América do Sul, recebendo as imagens Landsat e CBERS. Não existe a necessidade de outra antena deste porte no país, completou o diretor, ressaltando os altos custos para viabilizar a instalação de uma antena para receber imagens de um satélite comercial como o Ikonos, por exemplo. Principalmente porque no próximo ano o CBERS-2B terá uma câmara de alta resolução 2,5 metros que atenderá a maioria das aplicações que exigem maior detalhamento de imagem. E as imagens do CBERS são gratuitas. A antena de rastreio do INPE também fica em Cuiabá (MT); atualmente, o Brasil controla três satélites: o CBERS- 2 (Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres) e os Satélites de Coleta de Dados SCD-1 e SCD-2.
O diretor Gilberto Câmara informa os planos do INPE
Comunidade lotou o auditório da UFSM
© Todas as matérias e imagens poderão ser reproduzidas, desde que citada a fonte.